Aspectos institucionais
Quando se observa qualquer grupo social dentro de uma determinada sociedade – seja ele a família, a igreja, a escola – verifica-se a existência de regras e procedimentos padronizados, de importância estratégica para manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam.
As instituições sociais servem, principalmente, como um meio para a satisfação das necessidades da sociedade. Nenhuma instituição surge sem que tenha surgido antes uma necessidade. Mas, além desse papel, as instituições sociais cumprem também o de servir de instrumento de regulação e controle das atividades do homem.
A Família - Atualmente, a família brasileira vem passando por sensíveis mudanças. O desenvolvimento industrial, a urbanização, as correntes migratórias, as alterações na divisão do trabalho e o surgimento de uma nova moral sexual seriam responsáveis por essas mudanças. A passagem para a família nucleária é brusca, e as dificuldades de subsistência levam os lares a ter uma dupla atividade; as mães estão pouco presentes em casa, quando elas não são, nas periferias, as mais pobres, abandonadas pelo companheiro.
O que mais afeta, essas crianças não é tanto o bem estar maternal, mas o conforto afetivo: além da falta de presença e de diálogo com os pais, elas são abandonadas ao acaso da rua e ao espetáculo da televisão. Pesquisas criminológicas confirmam essa constatação: a delinqüência, o desvio sexual, a toxicomania e o crime estão fortemente correlacionados com a desintegração da família.
A Igreja - Desde as mais antigas civilizações, percebe-se o culto ao sobrenatural como algo muito importante, mostrando que o espírito de religiosidade acompanha o homem desde os primórdios. Cada povo tem o culto ao sobrenatural
como motivo de estabilidade social e de obediência às normas sociais. As religiões, as liturgias variam, mas o aspecto religioso é bem evidente.
A religião inclui a crença em poderes sobrenaturais ou misteriosos. Essa crença está associada a sentimentos de respeito, temor e veneração, e se expressa em atitudes públicas destinadas a lidar com esses poderes. Geralmente, todos se unem numa comunidade espiritual denominada igreja.
É preciso ficar bem claro que essa abordagem se restringe ao campo específico do fenômeno religioso e, especificamente, à instituição igreja como aparelho ideológico a serviço das relações sociais.
Muitos líderes religiosos têm defendido a necessidade de a Igreja lutar por maior justiça entre os homens; de buscar uma participação cada vez maior nos problemas sociais e têm ressaltado mais o conteúdo ético do que os dogmas religiosos. Por outro lado, setores conservadores procuram impedir essas modificações, defendendo o apego à tradição.
A igreja está agora dividida, enfraquecida, distanciada do povo; está perdendo sua função natural de defesa dos oprimidos e se enroscou em conflitos internos e externos, que arruinam sua credibilidade e desequilibram relações básicas do trato social.
Os Meios de Comunicação de Massa - Com efeito, depois do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, os meios de comunicação de massa, em particular a televisão , tornaram-se um quarto poder. Não se pode negar que a
televisão, de ora em diante onipresente, modela os espíritos, sobretudo num país onde a escola é fraca e as crianças passam a maior parte de seu tempo livre diante da telinha. Ora, todo dia, a televisão enaltece o dinheiro e a violência; os matadores são apresentados como heróis dos tempos modernos; há um monopólio dos produtos e uma ausência de controle dos consumidores, submetidos a uma apreciação de imagens sanguinárias. No imaginário da criança e do adolescente, o herói de mentira substitui a figura do pai, que está cada vez mais e sempre ausente; a pesquisa desenfreada do sensacionalismo faz perder o senso da moderação, até da própria moral, isto é, do respeito ao próximo.